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Quando somos Pais dos nossos Pais ❥

Maternidade Invertida, eu tive, eu tenho, eu curto.

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Eu fui uma criança alegre, normal 'com' quê de moleca bem acentuado; mas, também era bem atenta as diferenças entre meus pais e os pais das minhas amigas. Se eu tinha 10 anos, minha mãe já estava com 61 anos, enquanto minhas amigas tinham pais de no máximo 40, contudo, eu só notava essa discrepância por conta da aparência dos meus pais e nada mais. 

Não tive pais menos ágeis, menos presentes, menos nada por conta da idade deles em minha infância. Acho até que foram mais; mais pacientes, mais calmos, mais experientes com a vida, mais conscientes dos 'sim' e dos 'nãos' e mais relaxados. Por exemplo, minha Mãe se aposentou logo que fui adotada, então ela tinha a renda dela todo mês e eu tinha a atenção total dela. Já meu Pai só aconteceu dele se aposentar quando pegou a aposentadoria compulsória mesmo, aos 70 anos, mas foi um Pai presente do tipo que pega as crias no Domingo, leva a um jogo de futebol, eu em seus ombros e meu irmão, três anos mais velho, de mãos dadas a ele, isso para curtir um pouco mais nossa infância que logo passaria e nos tornaria em verdadeiros 'aborrecentes' e, também, para dar uma folga a minha Mãe, que sempre enfrentava as doencinhas, birras, vacinas, medo de dentista e tudo que criança dá chilique mais de perto.

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Mas chega um certo tempo em que eles envelhecem e, para mim, isso aconteceu mais rápido por motivos óbvios (não que me queixe por isso, pelo contrário), todavia por ter acontecido cedo, minha adolescência durou pouco ou muito, na verdade; eu explico:

Com 15 anos eu já era acompanhante de minha Mãe em suas visitas médicas, em internações e não revesava com ninguém, nem com meu Pai, porque eu não queria sair de perto dela e ela, realmente, preferia que eu cuidasse dela.

Um certo dia, ela estava meio adoentada e nesse dia eu tinha prova na escola e não podia faltar. Fiz a prova o mais rápido que pude e voltei para casa, ao chegar encontrei minha Mãe, de cama, e dizendo que estava louca para me ver, que demorei muito :)))

Na escola, que estudei desde o maternal até o antigo 2° grau, todos já sabiam que eu, em especial, tinha uma relação fora do padrão dos restantes dos alunos. Muitas vezes eu saía antes de terminar todas as aulas porquê Mamãe tinha um médico ou algo do tipo, mas isso nunca me afetou 'pedagogicamente', tanto que sai de lá para uma Universidade Federal em um vestibular mega concorrido. Ter pais mais maduros me fez ser mais madura, comparando com os meus amigos de infância, que fique claro!

Nunca tive um porre, por exemplo, não que isso seja sinal de maturidade, mas beber de cair para 'impressionar" os amigos é incorporar a imbecilidade, ao meu ver (...) foi na Universidade conheci pileque, mas porre mesmo não. Nunca fumei, nunca fiz as coisas que meus amigos de infância estavam fazendo na época para afrontar, para dizerem que eram adultos, eu já era meio adulta e sabia disso. Se eles estavam experimentando um baseado, pela primeira vez, eu provavelmente, neste mesmo horário estava em um cinema com meus pais, jantando em um restaurante bacana ou ajudando a fazer a feira do mês. Foi um bom estágio para a vida adulta também; meus amigos também o tiveram, não da mesma forma, mas uma hora crescemos, não tem remédio para isso, seja como for.

E então, eu me me vi sendo a figura materna, primeiro da minha Mãe e hoje em dia já um pouco do meu Pai. Assumi as rédeas mesmo aos 16 anos. Marcava as consultas da minha Mãe, dava os remédios na hora marcada, pedi que meu Pai comprasse uma cama de casal para meu quarto, para que quando ela adoecesse dormisse comigo e eu verificasse as necessidades dela.

Um dos problemas de saúde da minha Mãe, era a chata da diverticulose, que a deixava dias sem ir ao banheiro e quando ia ficava para reinar no trono, literalmente. Eu peguei rápido a manha de como melhorar essas crises: levava um ventilador pro banheiro, uma cadeira para mim, fazia uma dose de buscopam com luftal para ela e esperava passar a crise, que poderia levar 2 ou até 4 horas sentada, nós duas no banheiro e uma TV/Rádio, em preto e branco, muito conhecida nos anos 90.

Ela dizia que eu podia ir, mas eu dizia que não, que ela tinha me dado a mão quando precisei vomitar, que estava comigo aguentando as dores de barrigas fedorentas e que eu não importava de estar ali, aliás, eu só queria estar ali, durante aqueles momentos, em nenhum lugar mais.

E aí está a maternidade invertida, quando nossos pais se tornam nossos filhos. E vou dizer, não tem coisa que dê mais satisfação do que vê-los bem fisicamente, melhorando de uma gripe - que seja -, com seus mimos e atenção. 

Sobre as festinhas que eu não fui, shows que não quis ir, nada disso me afetou e nem me afeta, faz parte da minha personalidade ser mais caseira, curtir programas mais calmos. Não acho que perdi nada, porque das vezes que fui, me senti um peixe fora d'água. Beijava os garotos para não ficar escutando lorota da turma toda, dançava até o chão para não ser a única em pé, até que minha personalidade ganhou força e comecei a fazer o que queria, com quem queria. Achei amigos que curtiam o que eu gostava e assim foi, assim é. 

Entre um cheiro e outro na cabeça no meu Pai, eu faço programas exclusivos com o marido, como qualquer casal e com amigos também, assim como acontece também de irmos os três ao cinema (eu, meu Pai - que já é viúvo e não voltou a casar - e meu marido), às vezes vai sogra e tudo mais. Para mim, idade não é um divisor de grupos e sim uma diversão a mais, porque escutar dos mais velhos o "quão bom era o tempo deles" é uma das minhas maiores diversões também.

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