Daisypath Happy Birthday tickers


Daisypath Friendship tickers

hoje se completam 10 anos que minha mãe faleceu. ela se foi quando eu ainda era muito nova, 17 anos. tinha acabado de terminar o segundo grau e nem preciso dizer que foi um verdadeiro pânico em família, não é? minha mãe sofria de hipertensão severa e hipotireoidismo. na época, nada fazia efeito, nenhum tratamento; e então, depois de dois anos doente ela partiu, numa manhã de 21 de janeiro, depois de nove dias em coma. apesar da pouca idade, quem ficou com mamãe todo o tempo, em todas as internações foi eu, 24hrs por dia, o tempo todo!!! ela só me queria e eu queria ficar o tempo todo com ela! sempre fui apegada demaiiis aos meus pais, corria do meu quarto pra dormir no meio deles, quando cresci o grude ainda era tamanho que ganhei uma cama no quarto deles, que sempre foi enorme. mas vamos e convenhamos, isso tira a privacidade de qualquer casamento. não sei como eles aguentavam, mas enfim, sempre fui a filhinha do papai e da mamãe.

fui um bebê normal, sem dobras mas fofinha, como podem ver na foto acima - eu com três meses, meu irmão com quatro anos e minha mãe -, me tornei uma menina muito magra, de dar dó, só tinha olhos e joelhos!!! sofria de asma e bronquites regularmente, ficava internada direto. injeção de decadron era a minha melhor amiga, assim como as de aminofilina. berotec eram frascos infinitos... e assim fui até a adolescência. fiquei alta, com 1m72, era a típica garota bonita de rosto e de corpo, o oposto da infância. me acostumei tanto a ser o patinho feio da família que desabrochei e nem percebi, quando eu fui perceber eu já estava era gorda, mas eu pulei uma grande parte da minha história de fole humano, que começou imediatamente com a doença de minha mãe.

eu sempre nadei, por conta das crises de asma, meu pediatra indicou a natação como fisioterapia respiratória e daí nasceu uma campeã. competia em torneios e tenho incontáveis medalhas em casa. nadei pela AABB, Banorte e pelo colégio que estudava. fiquei com corpo de nadadora mesmo, nos meus 15 anos estava no auge da forma física e ainda fazia ginástica olímpica, outro esporte que amo! enfim, eu comia bem, mas me exercitava muito. quando mamãe ficou doente, tudo ficou para trás, eu amadureci muito e era a filha-amiga-enfermeira-companheira dela. com isso, a verdade, é que eu não tinha vida própria, mas nem me queixando não, eu era feliz demais, apesar de tudo o que estava vivendo, só por ter ela ao meu lado. a presença da minha mãe e do meu pai era o que eu mais amava e todos os que me conhecem podem comprovar isso. mas enfim, eu continuei e a comer o que sempre comia, maaas, como não tinha tempo pra fazer mais natação nem nada e vivia tomando corticóides para as crises de asma, que ainda tinha, a engorda foi inevitável! em um anos engordei 10kgs. quando mamãe estava no hospital, há 10 anos atrás, eu pesava 81kg. nunca tinha pesado tanto em toda a minha vida, até aquele momento... eu vivia acordada a noite toda, comendo chocolate, diga-se de passagem, e vendo a sonda dela (mamãe se alimentava por ela) e se o soro tinha acabado, além da fralda, que eu trocava sozinha, assim como dava banho. mamãe era a paciente mais linda, perfumada e bem cuidada do hospital, eu fazia tudo, as enfermeiras me ensinavam uma só vez e eu assumia, fazendo tudo bem direitinho; foi a vez dela ser o meu bebê. a obrigação era das enfermeiras, mas a mãe era minha e eu sabia que comigo ela estava melhor cuidada. no dia 20 de janeiro de 1999 ela acordou depois depois de oito dias de coma, de madrugada. eu estava acordada e ela apenas me olhou, fixamente, eu conversei com ela, disse que estava tudo bem, que os remédios iam fazer efeito e que ela ia ficar boa, ela não falou nada, apenas ficou me olhando, olhando... e no dia seguinte ela faleceu de falência múltipla de órgãos.

apartir dai começou toda a minha saga. eu não dormia a noite, passava o tempo todo vendo tv e comendo, comendo, comendo. naquela época ninguém falava em compulsão alimentar, muito menos em bulemia, que adquiri menos de um ano depois. ganhei mais dez quilos depois que ela faleceu, totalizando o peso de 90kg. vivia vendo tv, comendo, chorando e comendo. até que eu levei pau no vestibular da federal daqui de PE e entrei num cursinho pré-vestibular. o mais badalado de recife, cheio de patricinhas com roupas lindas e corpos igualmente perfeitos, canetas cor de rosa com peruca cor de rosa choque, fichários da milk e cadernos da chipie. eu não era diferente (a tirar pelo corpo) e não sei como, mas comecei a vomitar o que comia, e quando comia. eu só me alimentava a noite! só a noite, que depois foi explicado que também é um tipo de compulsão. eu ia dormir as 4hrs da manhã e acordava aomeio dia, pra ir a aula. não almoçava e nem tomava café, minha primeira refeição no dia era por volta das 16hrs, no último intervalo das aulas. comia sempre um salgado, um refri e de sobremesa torta entupida de chocolate. vomitava tudo no próprio banheiro da escola, e me sentia bem assim. quando chegava em casa jantava com papai - que se tornou pai&mãe da melhor qualidade que se pode existir -, mas em seguida vomitava escondido. só de madrugada que comia miojo ou algo assim, era a única refeição que parava na minha barriga, e sendo assim, emagreci 20kg de um dia pro outro. emagreci tanto que as pessoas achavam que eu estava doente; e no fundo estava mesmo, mas até então ninguém sabia o que eu fazia. papai me mandou para terapia, achando que eu tinha depressão e que por isso estava magra daquele jeito. todo mundo me via comendo e não entendiam como eu poderia estar tão magra, chegaram a pensar em leucemia e coisas do tipo. nem a psicóloga desconfiou, nunca contei nada a ninguém sobre os vômitos... até que um dia eu desmaiei em casa. papai me levou pro hospital e eu passei uma noite lá. a médica ficou desconfiada quando papai disse que eu perdi mais de 20kg em poucos meses, dai ela me perguntou em segredo se eu vomitava, eu me surpreendi com a pergunta dela, sei lá, nem eu fazia idéia que aquilo era doença, por fim admiti!

ela me encaminhou a um tratamento e depois de um ano eu fiquei livre da bulemia, mas em contra-partida fiquei obesa. continuava com os corticóides e comendo como uma praga, sem me exercitar. não queria mais nadar, nem nada! ainda tinha depressão para vencer. e assim se passaram os anos, eu engordando, engordando. meu fígado adoeceu por conta dos corticóides e em 2007 eu recebi a proposta do meu cirurgião para fazer a redução. demorei um ano para encarar essa proposta realmente, mas acredito que aconteceu no momento que tinha que acontecer mesmo, no caso em nov. de 2008. hoje estou com 2 meses e 7 dias de operada, ainda faltam 10kg para a minha meta, mas 20kg já se foram. outro dia tive a minha consulta de revisão de cirurgia, a dos 60 dias de operada, e estou bem, o figado já apresenta melhoras... o mais difícil mesmo é vencer a compulsão, é uma luta diária comigo mesma, com a minha mente. perco uns dias e ganho em outros, mas estou vencendo até agora. e tenho certeza que minha mãe, esteja aonde estiver, está torcendo por mim e me ajudando para que eu tenha uma vida saudável, porque feliz eu já estou, apesar da falta imensa que ela me faz. mamãe foi a maior lição de vida que tive, sabe aquela música "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã"? assim foi com nós duas, vivemos intensamente uma pra outra e não tenho arrependimentos, apenas saudades, muitas saudades...

obrigada mãe, por tudo!
saudades de sua filha querida, bibi.

5 comentários:



Ingrith disse...

Uau que história. Querida, relaxa com a meta, ela vai chegar, tudo tem sua hora certa!

Garota Enxaqueca disse...

Oi, Bi! Que historia emocionante... E assino embaixo da Ingrith - tudo tem a hora certa de acontecer!!

Seja muito bem-vinda ao meu blog!!

Voltarei mais vezes por aqui...

Besos, besos...

Garota Enxaqueca disse...

Voltei rapidinho, guapa, que é só pra te colocar logo no clima frenético de como as coisas são no meu mundo... rsrs


Vai lá:

Moça, tem um meme pra vc lá no meu blog... Meme, selo, corrente... Sei muito bem o que é não.... Mas a gente pode ganhar brinde! =D E isso é que é o legal...

Besos, guapa!

Unknown disse...

Ai Bi, fiquei emocionada com seu post...
você vai conseguir sua meta, querida e tenho certeza de que sua mãe está ao seu lado sempre!
beijos

Unknown disse...

A sua história é muito emocionante amiga...que bom que vc está bem agora!!eu meu marido fizemos a ciru e estamos muito bem eu fiz em um mês e ele fez no outro...eu fazem quase 4 meses e ele 2 meses...estamos muito bem até a nossa relação melhorou em todos os sentidos...dou a maior força parao seu esposo fazer...o meu quando eu falei em me operar quase teve um enfarto meses depois estava operando quase junto comigo...ótimo fim de semana...bjão!!!

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